Alfabetizadores são detectores de problemas oculares que atrasam o aprendizado das crianças
O Dia Nacional da Alfabetização será comemorado no dia 14 de novembro (sábado) e de acordo com o último Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC) realizado em 2006, há mais de 5,5 milhões de alunos em processo de alfabetização, na pré-escola, no Brasil. Desses, mais de 53,5 mil são portadores de baixa visão. "O professor é um agente muito importante no combate aos problemas de visão que podem acometer as crianças na idade de alfabetização. Existem sinais que se manifestam nos alunos, aos quais alfabetizadores devem ficar atentos para encaminhar a criança para um oftalmologista em tempo de recuperar a visão e o aprendizado", aconselha a oftalmopediatra do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), Dorotéia Matsuura.
Ainda segundo dados do Censo Escolar, as regiões apresentam o seguinte quadro: Sudeste detém 2,2 milhões de estudantes em processo de alfabetização e, desses, cerca de 14 mil apresentam problemas de visão. Já no Centro-oeste, dos 313 mil alfabetizandos, cerca de 2 mil têm dificuldades de visão. Na região Sul, 600 mil estão se alfabetizando e quase 3 mil mostram deficiências de visão. No Nordeste, são 1,8 milhão de estudantes em processo de alfabetização e concentra o maior número de alunos nessa fase com baixa visão do país. São cerca de 25 mil. No Norte, dos 500 mil estudantes que se alfabetizam cerca de 4 mil apresentam problemas de visão.
Sinais - Dorotéia Matsuura explica que o mal rendimento em sala de aula pode ser um sinal de que algo não vai bem com a visão da criança. "Muitas vezes a criança já é estigmatizada como desinteressada, mas, na verdade sofre com problemas de refração, como miopia, hipermetropia ou astigmatismo, por exemplo". Outro comportamento frequente entre crianças em idade de alfabetização é a troca de letras. "É muito comum crianças com baixa visão confundirem as vogais cursivas fechadas como a e o ou consoantes semelhantes como o q/g ou m/n".
A oftalmologista enumera como principais indícios de problemas oculares nas crianças:
I. Mal rendimento em sala de aula;
II. Confusão de letras;
III. Lacrimejamento excessivo;
IV. Dificuldade de ler o que está no quadro;
V. Coceira nos olhos;
VI. Vermelhidão ocular.
Doenças - Os principais problemas oculares que se manifestam na idade de alfabetização (até os 7 anos) são:
Erros refrativos - São os defeitos de qualidade de visão como a miopia, hipermetropia e astigmatismo. "A miopia é a dificuldade de enxergar de longe. O olho do míope é longo e a imagem se forma antes da retina. Já a hipermetropia é a dificuldade de enxergar de perto já que o olho é pequeno e a imagem se forma depois da retina. E o astigmatismo ocorre quando a visão fica embaçada, com mais de um ponto de foco. Não se vê bem o que está na vertical ou na horizontal", explica o especialista em refração do HOB, o oftalmologista Canrobert Oliveira.
Estrabismo - A oftalmopediatra do HOB explica que o estrabismo é a diferença de alinhamento entre os olhos. "Os principais sintomas do estrabismo mostram olhos desalinhados e movimentos oculares sem coordenação. Além desses sinais, a criança pode apresentar visão dupla e perda de profundidade da visão", conta.
Ambliopia - É a diferença da qualidade da visão entre os olhos. "O dano só é reparado com tratamento até 8 anos. A partir dessa idade, o sistema neurológico-visual já está desenvolvido e não é possível mais correções dessa natureza", explica a oftalmologista Hanna Flávia Gomes.
Conjuntivite - É a inflamação da membrana ocular, acompanhada de vermelhidão e secreção. "A causa da conjuntivite pode ser infecciosa, alérgica ou tóxica. Seu contágio é muito frequente nas escolas, principalmente até os 7 anos de idade porque as crianças nessa faixa etária interagem bastante", explica Dorotéia.
A Data - O Dia Nacional da Alfabetização é comemorado em 14 de novembro. A data foi criada em 1966 para estimular reflexões e práticas de educação e cidadania.
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Teresa Cristina Machado / José Jance Marques